Resumo das Comunicações

CADERNO DE RESUMOS UNESP 2013







        Comunicações aprovadas para a Jornada de Pesquisa 2013           

Arte-educação


Oficinas com livros que exploram a sensorialidade: investigando a experiência com crianças

Camila Feltre
Mestranda em Arte-educação, IA-UNESP

RESUMO:A pesquisa se desenvolve em torno de um projeto de oficinas que investiga o que as experiências de crianças com livros que exploram a sensorialidade provocam nelas enquanto leitor, produtor e fruidor. Realizadas em espaços públicos e privados, alguns com relação com livros e outros não, as oficinas proporcionam o contato dos participantes com livros que apresentam em sua materialidade estímulos para a fruição por meio do visual, da manipulação e do tato. Utilizo livros de diversos artistas e autores, tendo como referência Bruno Munari. Nos encontros, as crianças juntamente com os responsáveis, participam de atividades envolvendo leitura, criação e contextualização. Desta forma, busco o que as experiências com os livros que exploram a sensorialidade provocam nas crianças, levando em conta o processo desenvolvido nas oficinas e os resultados das criações. Utilizo como recursos para a observação a filmagem, a fotografia e a observação direta. Esse material pretende captar descobertas, interpretações e pensamentos por meio de comportamentos, reações, comentários e diálogos. A minha experiência também é objeto de reflexão a partir das filmagens e de anotações realizadas em um diário de campo. As produções de livros são registradas para análise e reflexão sobre a vivência.
Palavras-chave: Oficinas Educativas. Livro. Sensorialidade.


A importância da formação estética para o educador da infância

Mara Lúcia Finocchiaro da Silva
Mestranda em Arte-educação, IA-UNESP

RESUMO: Em 2009, atuando como orientadora pedagógica, programei os encontros formativos com os gestores municipais de cinco escolas de Educação Infantil de São Bernardo do Campo, definindo o plano de trabalho com o objetivo de cultivar práticas mais sensíveis com os educadores da infância. Este relato narra a experiência que despertou o desejo de provocar mudanças nas percepções e ações dos educadores junto às crianças pequenas, afetando também a sensibilidade dos formadores de educadores. Concordando com Ostetto (2010) introduzimos os questionamentos: de onde e como vem a sensibilidade? Ela é cultivada, construída, provocada, estimulada, formada? É possível educar para a sensibilidade? Perguntamo-nos se a formação favoreceria uma postura crítica para assegurar a infância e seus direitos, como o de ter uma escola que oferecesse a vivência cultural, favorecesse a autonomia, o prazer e a alegria.  Pensando quais conhecimentos seriam necessários a este educador e revisitando as concepções de infância, percebemos a criança ocupando uma posição de menos valia.  Seria necessária a problematização das práticas escolares para ressignificar o lugar delas no projeto educacional e isto implicava desconstrução, mexer no intocável, no cristalizado.  O educador teria que ver o mundo com outros olhos, para poder ensinar as crianças a verem e a sentirem as coisas do mundo. Após vivenciar situações estéticas com os próprios formadores, defendemos a ideia de que o educador precisa ser alimentado com várias linguagens expressivas para que possa iniciar a criança na leitura do mundo e introduzi-la às alegrias culturais. Para isso, precisa ter a sua percepção aguçada ampliando suas vivências estéticas e artísticas nos espaços de formação.

Palavras-chave: Formação de Professores; Educação Estética; Sensibilidade

Jogos teatrais como agregadores no processo ensino-aprendizagem e a autonomia crítica do sujeito

Natalia Beloti Dias Camelo
Mestranda em Arte-educação, IA-UNESP

RESUMO:A pesquisa propõe apontar alternativas pedagógicas ao ensino, pesquisando alunos de uma turma do ensino médio da Escola Estadual “Caetano de Campos” localizada na região central de São Paulo, utilizando como proposta os jogos teatrais e investigando sua potência no desenvolvimento da autonomia crítica dos alunos verificando se tal prática teatral impacta na decisão pela permanência na instituição pública de ensino. A metodologia utilizada é a pesquisa-ação crítico colaborativa, objetivando promover e propor práticas que levem à reflexão e transformação do sujeito. No jogo a proposta é que o aluno construa uma autonomia na criação das cenas e um desapego aos comportamentos seriados e a tendência é que este comportamento se amplie para a vivência cotidiana, convidando-os a pensar que as contradições presentes na sociedade contemporânea só podem ser superadas no plano das relações sociais, políticas, econômicas e inter-humanas. O jogo teatral pode revelar importantes aspectos que refletem a sociedade, pois propõe uma interação dialética com os conflitos emergentes e cadentes. Quando o aluno joga, ele se coloca na situação lúdica de solucionar o problema. Argumentar é fundamental no processo de ensino/aprendizagem e faz parte do desenvolvimento do aluno crítico. Os jogos teatrais podem ser um catalisador emocional com potencialidades para desenvolver o indivíduo como ser autônomo. Nos jogos a realidade pode ser transformada em cena e esta vivência pode reverberar em seu modo de pensar e agir. A busca é investigar como os jogos teatrais possibilitam a expressão de valores de um grupo de alunos e como a partir desta explicação o jogo permite a transformação deste aluno em sujeito com pensamentos autônomos críticos?
Palavras-chave: Educação. Jogos Teatrais. Autonomia Crítica.


Artes Cênicas


Poéticas Combativas: Teatro da Oprimida e Feminismo Negro

Alice Fonseca Nunes
Mestranda em Artes Cências, IA-UNESP

RESUMO: Por intermédio do Projeto de Pesquisa intitulado “Poéticas Combativas: Teatro da Oprimida e Feminismo Negro” objetiva-se refletir sobre as relações entre teatro, gênero e raça, a partir de um experimento teatral na forma de um laboratório, segundo as propostas do Teatro do Oprimido e aplicações da História Oral. Além disso, pretende-se questionar se o que chamarei de Teatro da Oprimida, baseado na obra do teatrólogo Augusto Boal, pode contribuir para a emancipação das mulheres negras que participarão do processo teatral, em âmbitos como o sexual, o político, educacional, de saúde pública, de mercado de trabalho e de representação midiática. A História Oral será empregada para a reunião e análise das experiências das participantes, estabelecendo o trânsito entre teoria e prática. A análise bibliográfica, com vistas a compreender a atual condição da mulher negra e o feminismo negro no Brasil, será complementada pela pesquisa de campo com o grupo teatral Capulanas Cia de Arte Negra, destacando seus procedimentos criativos. As reflexões convergirão com elementos encontrados no laboratório de teatro com mulheres negras da cidade de São Paulo, a partir das técnicas do Teatro da Oprimida. Trata-se, portanto, de possibilitar o cotejo entre esta metodologia artístico-pedagógica e as ideias do chamado feminismo negro no contexto nacional.
Palavras-chave:Teatro da Oprimida. Feminismo Negro. Processos Criativos.

  
Eles não usam black-tie: imbricações entre o estético e o político

Carlos Rogério Gonçalves da Silva
Mestrando em Artes, IA Unesp; Especialista em Artes, IA-UNESP

RESUMO: Há um consenso entre os críticos e teóricos teatrais sobre a relevância dramatúrgica e histórica da peça Eles não usam black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri. O impacto de sua primeira encenação em 1958, tanto no público quanto na crítica, abriu novas perspectivas para o teatro brasileiro. Entre outras inovações, destacou como protagonista uma família carioca operária, pobre e favelada, em meio às experiências político-estéticas do Teatro de Arena, que teve lotação máxima, denotando sintonia entre a proposta do autor, da companhia e o público. A partir da cuidadosa dissecção desse texto teatral e emprestando parte do instrumental teórico ligado à análise do discurso, teceremos em nossa comunicação os diálogos possíveis entre a produção de Guarnieri e seu tempo, a incorporação dos elementos do teatro épico brechtiano e a evolução de sua persona política, resultado dos entrechoques com as diretrizes do PCB. Acreditamos que a maturidade política e estética de Guarnieri foi conseguida a partir de uma relação dialética com tais influências. A peça será analisada, portanto, em sua complexa relação com o contexto histórico do Populismo, o que nos levará também a pensar as articulações entre Teatro e História.
Palavras-chave: Guarnieri. PCB. Épico brechtiano.


Don Ramón: vida e obra em produção da linguagem circense

Daniel de Carvalho Lopes
Mestrando Programa de Pós-graduação do Instituto de Artes da UNESP

Erminia Silva
Profa. Dra. voluntária no PPG IA-UNESP

RESUMO: Este trabalho pretende oferecer visibilidade à trajetória da vida e obra de Ramón Martin Ferroni, artista circense que atuou das décadas de 1930 a 1980 no Brasil e em diversos países da América Latina, Caribe e Europa com os números de ciclismo acrobático e antipodismo. Seu objetivo visa compreender a produção da linguagem circense do período em que Ramón Ferroni atuou e a própria constituição dele como um artista detentor de inúmeros saberes deste universo. Sua trajetória revela o circo e suas artes como patrimônio artístico e cultural fundamental na formação das diversas expressões artísticas na América Latina e, em particular, no Brasil.
Palavras-chave: Linguagem circense. Produção circense.Circo-família.

  
Cenografia brasileira dos anos 1960, um diálogo com a produção das artes plásticas

Danielle Menezes de Brito Semple
Mestranda em Artes Cênicas, IA-UNESP

RESUMO: O presente artigo parte das mais significativas cenografias brasileiras criadas durante a década de 1960 e traça um paralelo entre elas e a produção plástica mundial no mesmo período. A produção das artes plásticas reverberaram na criação cenográfica do teatro brasileiro e colaboraram para o desenvolvimento de questões e tensões voltadas para o surgimento de uma estética nacionalista.
Palavras-chave: Diálogo. Cenografia. Artes Plásticas.

  
Ensaios sobre a imagem: a cenografia e uma possível função imagética no teatro contemporâneo

Elaine Cristina Maia Nascimento
Mestranda em Artes Cênicas,UFBA

RESUMO: A cenografia, sua função e significado vêm se transformando de forma significativa com o passar dos anos e das teorias e práticas teatrais. A década de 80, com as artes de vanguarda incentivaram uma quebra da função da cenografia em cena, de certa forma anunciada pelo simbolismo, indo em direção oposta aos conceitos naturalistas e realistas de cena. Ela não é vista mais como elemento de adorno ou caracterização cronológica. Podemos supor que seria aí a gênese de um conceito cenográfico baseado na imagem e sensação, trazido às últimas consequências com a performanceart e a cena contemporânea. A cenografia se configura hoje de forma muito mais complexa, até mesmo em sua definição, até mesmo quando tratamos de espaços alternativos onde a escolha do espaço se torna uma escolha da cenografia. Mas qual a função da cenografia nesse tipo de teatro, onde o espaço se expande para além da caixa cênica e a imagem passa a ser importante elemento da encenação? Analisando obras de encenadores contemporâneos, como, por exemplo, Robert Wilson, até onde a imagem é cenografia e até onde é encenação? Será que a cenografia se torna responsável por essa criação de imagens dentro e fora da caixa cênica? Toda imagem posta em cena pode ser considerada cenografia? São a partir dessas questões que pretendo desenvolver um trabalho que aborde os conceitos filosóficos de imagens trazidos por Bachelard e Ponty, contrapondo com a função estética de uma cenografia característica do teatro contemporâneo. Para entender essa função da imagem versus cenografia nesse teatro, pretende-se, a princípio, analisar obras como as de Lehamann, Renato Cohen e Robert Wilson, além de fazer uma análise do processo histórico de transformação da cenografia.
Palavras-chave: não enviou


PRÁTICA ARTÍSTICA CONTINUADA NA SITI COMPANY: REFLEXÕES SOBRE TREINAMENTO E DIREÇÃO TEATRAL NA PERSPECTIVA DE ANNE BOGART
Fabiano Lodi

RESUMO: Neste texto serão estabelecidas relações entre o conceito de “treinamento” como uma prática específica que diz respeito ao trabalho de ator/atriz e o discurso de Anne Bogart para a arte da direção teatral na SITI Company. Nosso intuito consiste em analisar a articulação do discurso de Bogart para a arte da direção teatral, a partir de uma específica combinação de três distintas técnicas de treinamento, tal como estabelecido na SITI Company. Levantamos, ainda, uma reflexão relacionada à possibilidade de haver, nessa combinação de treinamentos, uma prática específica que compreenda procedimentos próprios da arte da direção teatral. 
Palavras-chave: Treinamento; Direção teatral; Teatro Contemporâneo



O corpo da dança negra contemporânea: diáspora e pluralidades cênicas entre Brasil e Estados Unidos

Fernando Marques Camargo Ferraz
Doutorando em Artes, IA-UNESP

RESUMO: A seguinte comunicação visa expor o andamento de minha pesquisa de doutoramento na área de Artes Cênicas, iniciada neste ano na linha de pesquisa: estética e poéticas cênicas. O estudo visa examinar as dinâmicas e trânsitos existentes entre a produção da dança negra norte-americana e a produção artística das danças afro-brasileiras, a partir da análise da produção coreográfica e práticas de ensino de artistas que realizaram intercâmbios entre os dois países. Tem como foco a avaliação dos olhares sobre os conceitos de tradição afro descendente desses coreógrafos e seus esforços no agenciamento de elementos da cultura popular brasileira e de sua identidade negra em suas criações. Deseja-se expor as principais hipóteses da pesquisa, os procedimentos adotados pelo pesquisador para a análise da atuação de seus interlocutores, assim como, ponderar sobre os desdobramentos da investigação.
Palavras-chave: Dança Negra. Dança Afro-Brasileira. Diáspora.


O aprendizado vem das tábuas... e de observá-las: a bricolagem no processo de formação do artista cômico

Henrique Bezerra de Souza
Mestre em Artes Cênicas,UFBA

RESUMO: Dificilmente se encontra uma instituição regular voltada para a formação do ator que deseja trabalhar especificamente com a cena cômica. Exceto em especificidades estéticas, como clowns e mímicos, entende-se que a prática deste artista raramente é fruto de uma escola tradicional ou formação acadêmica. Partindo destas afirmações, o presente artigo busca apontar a importância da experiência prática na formação do ator cômico. Para isso, inicia suas reflexões defendendo que, apesar desta aparente ausência de formação clássica, não significa que tal artista não possua um repertório técnico ou que trabalhe apenas com elementos subjetivos como “talento” ou “dom natural”. Na realidade, parte-se do conceito de bricolagem de Levi-Strauss, para demonstrar que o aprendizado do ator cômico pode ser fruto de uma intrincada rede de intersecções e seleção de materiais apreendidos em suas vivências práticas. A partir deste ponto, o artigo elenca apontamentos de encenadores como Stanislavski, Grotowski, Eugenio Barba e Dario Fo para analisar como tais reflexões podem influenciar o trabalho na cena cômica.
Palavras-chave: Comicidade. Teatro. Ator.


Expressividade do narrador: três narradores como campo de estudo da transmissão da experiência

Juliana Ferreira Machado
Mestranda em Artes Cênicas, IA-UNESP

RESUMO: A proposta é apresentar o meu projeto de mestrado, o qual venho realizando desde o início de 2013, com entrevistas aos narradores pesquisados e cumprimento dos créditos exigidos. A pesquisa a que me dedico, compreende o estudo da expressividade de três pessoas que têm em sua forma de comunicação os traços essenciais que caracterizam um narrador, na acepção de Walter Benjamim, em seu texto O narrador (BENJAMIN, 1994). Esses traços característicos dão ao narrador a plena faculdade de compartilhar uma experiência, de tal forma que o fato de ver e ouvir este narrador também se configura como uma experiência. Tomo por experiência aquilo que nos passa, que nos acontece e que nos toca. Na etimologia da palavra reside a ideia de passagem, travessia e perigo. O sujeito da experiência, segundo Jorge Larrosa (2002), é um sujeito que se expõe, com tudo o que isso tem de vulnerabilidade e risco. Os três narradores que compõem meu campo de pesquisa são: o Sr. Sebastião Biano, o mais antigo integrante da Banda de Pífanos de Caruaru, residente em São Paulo, o Sr. Inácio Lucindo da Silva, mestre de Cavalo Marinho e fundador do Cavalo Marinho Estrela do Oriente, de Camutanga, PE e a Sra. Marilene Machado Paschoal, cabeleireira há 40 anos, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Assim, este projeto visa investigar a parceria entre narração e experiência como um “espaço” para a construção de sentidos, tendo como base, sobretudo, o pensamento de Walter Benjamim, Jorge Larrosa Buendía e Richard Baumann. Enquanto contribuição para as pesquisas artísticas, tenho como objetivo mapear a expressividade de personagens formados e atuantes na cultura brasileira.
Palavras-chave: Narração. Experiência. Tradição Oral Brasileira.


A elaboração da pesquisa “A Cia. La Mínima e a comicidade no espetáculo A Noite dos Palhaços Mudos”

Lilia Nemes Bastos
Mestre em Artes

RESUMO: A pesquisa de mestrado “A Cia. La Mínima e a comicidade no espetáculo A Noite dos Palhaços Mudos”, concluída em junho de 2013 sob orientação do Prof. Dr. Mario Fernando Bolognesi, foi feita em meio a um processo de aprendizado acerca do trabalho de pesquisa. A comunicação compartilha os principais passos deste processo, abordando as transformações do projeto de pesquisa, os impasses, a construção da metodologia e o desenho final da pesquisa.
Palavras-chave: Metodologia de Pesquisa. Comicidade e Palhaço.

  
“Cida Almeida: do palhaço à palhaça”

Maria Silvia do Nascimento
Licencianda em Artes-Teatro, bolsista PIBIC-CNPq, IA-UNESP.

RESUMO: Na atualidade, são diversas as mulheres que desempenham a personagem palhaço sob o gênero feminino. Porém, esta questão ainda causa polêmica entre artistas e pesquisadores, já que as grandes referências nesse campo de atuação são masculinas. Com a finalidade de contribuir para essa discussão, esta pesquisa estudou o processo de concepção da personagem palhaço realizada pela artista Cida Almeida. Objetivos: Estudo acerca da comicidade própria da personagem palhaço/ Registro empírico da criação da personagem palhaço feita por Cida Almeida (entrevistas, fotos, vídeos)/ Estudo crítico dos expedientes cômicos empregados na atuação da artista Cida Almeida.
Palavras-chave: Palhaço. Mulher. Circo.


A formação da Historiografia Teatral Brasileira (1888-1938): consonâncias e dissonâncias

Rodrigo Morais Leite
Aluno especial – Artes Cênicas, IA-UNESP

RESUMO: O estudo disserta sobre uma parcela da historiografia literária e teatral brasileira. Na primeira parte do trabalho, reservada apenas à historiografia literária, foram examinados notadamente os seguintes autores e obras: Sílvio Romero (História da Literatura Brasileira, de 1888), José Veríssimo (História da Literatura Brasileira, de 1916) e Ronald de Carvalho (Pequena História da Literatura Brasileira, de 1919). Tais historiadores, cada um à sua maneira, teceram considerações relevantes a respeito da dramaturgia brasileira, o que explica a inclusão deles em uma pesquisa como esta, que teve a pretensão de abranger todos os elementos componentes do fenômeno teatral. Na segunda parte, dedicada à historiografia do teatro propriamente dito, o foco da análise recaiu sobre quatro autores e suas respectivas obras: Henrique Marinho (O Theatro Brasileiro, de 1904), Múcio da Paixão (O Theatro no Brasil, redigido em 1917 mas editado somente em 1936), Carlos Süssekind de Mendonça (História do Teatro Brasileiro, de 1926) e Lafayette Silva (História do Teatro Brasileiro, de 1938). Trata-se, em suma, de um trabalho de historiografia comparada, com vistas a enfatizar certos aspectos marcantes das obras supracitadas, como as fontes utilizadas, as teorias da história que conduziram o pensamento de seus autores e a forma como eles se posicionaram em relação a determinados temas (genealogia do teatro brasileiro, supostos períodos de ascensão e decadência, divisões em períodos cronológicos etc.). O recorte proposto, que vai de 1888 a 1938, procurou destacar a etapa considerada formativa da historiografia teatral brasileira, anterior ao processo de modernização vivenciado por ela em especial a partir dos anos sessenta do século passado.
Palavras-chave: Historiografia Teatral Brasileira. História do Teatro. História da Dramaturgia. Teoria Teatral. Filosofia da História.


Escolas de Circo: o ensino-aprendizado de palhaçaria e suas diversas construções femininas

Sarah Monteath dos Santos
Mestranda em Artes Cênicas, IA-UNESP

RESUMO: O presente trabalho visa entender como ocorreu o processo de construção histórica da personagem palhaça a partir do ensino de palhaçaria nas Escolas de Circo. Com o intuito de investigar este processo, a pesquisa se vale do diálogo entre uma abordagem teórica e as fontes orais. A partir do panorama da Revolução Russa, ocorrida na década de 1920, encontramos algumas pistas que puderam contribuir para uma melhor compreensão desta construção e posterior atuação feminina na palhaçaria. Naquele contexto vislumbrou-se, tanto uma valorização social e política da personagem palhaço, quanto uma maior participação feminina nos campos de trabalho antes destinados aos homens, inclusive, no que se refere ao meio artístico. A partir do ensino da palhaçaria nestas instituições, a busca feminina por esta atuação vislumbrou diversas construções que diferem dos processos identificados em circos itinerantes e de lona.
Palavras-chave: Palhaças. Escolas de Circo e Revolução Russa.


Artes Visuais


Poéticas da Consciência – aspectos do trabalho de criação do performer no pós-moderno

Adriano Marcelo Cypriano
Doutorando, ECA-USP

RESUMO:O estudo é introduzido por uma breve discussão sobre o pós-moderno e por uma introdução às principais fontes e correntes de pensamento para a apreensão dos principais conceitos operados para a sustentação do trabalho. A pesquisa propõe possibilidades de abordagem para o termo ‘consciência’, no estrito âmbito do trabalho de composição cênico-teatral, considerado o momentum contemporâneo. A volatilidade e a amplitude do termo consciência indica a relevância da assunção centros relativamente fixos, apesar de frouxos, que matizem a discussão no campo da composição cênica. A tese propõe um modelo tripartite, correspondendo a uma ‘estrutura frouxa’, para uma suposta Consciência Cênica. A hipótese central preconizada fraciona a consciência cênica em Autoexpressiva, Político-histórica e Místico-mítica; e a cada uma correspondem aspectos intermediários e complementares. A estrutura em tríade fornecida pelo estudo é alegoricamente construída a partir de um horizonte de superparadigmas consagrados pelo pensamento humano. Entretanto, um dos modelos eleitos como esteio para toda a investigação configura-se através das quatro funções atribuídas por Joseph Campbell a uma mitologia operante, a saber: função mística, função cosmológica, função sociológica e função pedagógica. Assim, para que seja potente, um conjunto de mitos deve responder a todas e a cada uma dessas áreas; tais funções, pormenorizadas na tese, sugerem um conjunto de semelhança fractal, em que as pequenas partes mimetizam o todo. Em sua estrutura geral a tese aponta para a complexidade gerada a partir da fricção entre os eixos propostos e eventuais territórios teóricos e poéticos emanados por estas fronteiras.
Palavras-chave: não enviou


Livro de artista: um convite ao hibridismo

Alexandre Gomes Vilas Boas
Mestrando em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: A pesquisa analisa a produção do livro de artista na história recente das artes visuais, através de conceitos, definições e diferenças implícitas em seu processo de criação. O livro-objeto e as possibilidades poéticas surgidas através do emprego de materiais não convencionais, quando relacionados ao livro-poema, livro-alterado e outras formas de manifestação do objeto livro. O estudo avalia, ainda, a sua inserção gradativa junto às chamadas poéticas de resistência, tanto estéticas quanto políticas, surgidas durante os ditos anos de chumbo no Brasil, que se estenderam por décadas da segunda metade do século XX, constituindo um enorme e valioso arcabouço, com desdobramentos e reverberações ricas para o atual cenário contemporâneo. Para isto, buscou-se investigar, além das referências autorais já reconhecidas historicamente, também os processos de fatura através de trabalhos de autêntico potencial híbrido, surgidos da relação com o tridimensional (entre o livro de artista, a escultura e o objeto) através da experimentação e confecção de livros, incluindo os de autoria deste artista-pesquisador, investigando os diferentes procedimentos técnicos empregados em sua confecção, a partir do uso de matérias-primas não convencionais que impelem o artista a lançar-se sobre múltiplas linguagens. Espera-se, através destas proposições, em que se consideraram os diferentes aspectos, principalmente sob a égide da produção e da análise dos processos envolvidos, trazer contribuições para ampliar a compreensão do livro de artista como obra e o seu lugar nas Artes Plásticas, algo que nos parece essencial, tendo em vista a escassa bibliografia ainda existente sobre este assunto e, principalmente, quando avaliadas as reais necessidades de se entender em que, exatamente, as escolhas materiais e os procedimentos adotados em sua construção alteram ou são determinantes para a sua estética final como objeto na arte.
Palavras-chave: Hibridismo.Livro de artista. Processos.

O minimalismo e a experiência psicodélica

Aline Pires Luz
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Procuraremos estabelecer a relação entre a fenomenologia da experiência psicodélica e as obras do Minimalismo, através da análise feita por Georges Didi-Huberman em O que vemos, o que nos olha, onde há a busca por revelar o “entre”, a aura secularizada residente nas obras minimalistas que escapam à tautologia e à atitude de crença, geradora de simbolismos fixos, dogmáticos. A experiência perceptiva e a fenomenologia são elementos levantados pelo autor para demonstrar o surgimento do “entre”, a dimensão que nos olha contida nas obras minimalistas. Essa experiência perceptiva encontra pontos em comum com a experiência psicodélica, detalhada por Robert E. L. Masters e Jean Houston no livro The Varieties of the Psychedelic Experience. Uma das características estéticas surgidas durante a experiência psicodélica que encontra similaridades com o Minimalismo é a evidenciação das superfícies e da materialidade da cor, alcançadas devido ao aguçamento da percepção visual e pela intenção gestáltica contida nas obras minimalistas, o desejo de criar um objeto específico. Porém, o objetivo minimalista para ser alcançado requer uma experiência não-ordinária. A experiência psicodélica pode ainda promover a imersão nas qualidades do objeto e as latências da visão através do mecanismo da pareidolia e da deformação dos aspectos. Assim temos a possibilidade de escapar à tautologia. Há ainda a relação entre as imagens eidéticas, que são presentações de conteúdos mentais, de significação literal e não simbólica e o caráter concreto, pretensamente tautológico do Minimalismo. A aura secularizada que nos olha, materializada em vapor na obra de Robert Morris e embutida nos cubos negros de Tony Smith, também está presente nos ganzfelds de James Turrell e na atenção dada à cor pelos minimalistas da Califórnia. A experiência do ganzfeld tem a ver com a fascinação cromática que ocorre durante a experiência psicodélica, que pode ser relacionada com a alienação da crença criticada por Didi-Huberman.
Palavras-chave: Minimalismo. Experiência Psicodélica. Arte Contemporânea.


Relação entre técnicas e estilo na produção cerâmica popular: um estudo a partir das obras de Noemisa Batista e Ulisses Pereira Chaves

Camila da Costa Lima
Doutoranda em Artes Visuais, IA-UNESP
Bolsista FAPESP

RESUMO:O estudo apresentado é recorte de uma análise que contempla a Coleção reunida pela docente e pesquisadora Lalada Dalglish, composta por cerâmicas do Brasil e de outros países. A coleção possui exemplares realizados a partir de diferentes técnicas e com estilos também variados, no entanto, durante o processo de identificação e catalogação de algumas peças, já foi possível identificar elementos que serão apresentados. Este trabalho tem como foco apresentar processos relacionados com a produção cerâmica popular brasileira, de modo a traçar uma ligação entre as técnicas e estilo. Nota-se que quando se trata de arte popular há uma forte relação com as tradições locais, em muitos casos, o trabalho é feito por uma família, de um mesmo modo, por diversas gerações, sendo preservadas tanto a fonte de trabalho e renda, mas também se promove a cultura, os saberes e o desenvolvimento da região. Através das obras de Noemisa Batista e Ulisses Pereira Chaves, ambos do município de Caraí, região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, serão traçadas relações de como o artista cria e interpreta a partir do local em que vive e como este local também colabora na definição de características das obras produzidas. Se nota uma forte interferência do meio em que o artista vive sob a produção cerâmica, tanto como motivo inspirador para suas criações como também no fornecimento de matéria-prima para as diferentes etapas envolvidas até a concretização das peças. Seria outro local, olhar ou material e a obra seria outra. Os artistas selecionados para este estudo absorveram em suas vidas informações de um mesmo contexto social e geográfico, empregam em suas produções técnicas cerâmicas muito parecidas, fazem uso de materiais disponíveis em sua região, no entanto, possuem estilos distintos.
Palavras-chave: Cerâmica Popular Brasileira. Técnicas. Estilos.


Processo de criação na fotografia: dispositivos e poéticas

Carolina Peres
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Apresentação do projeto de pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Artes da Unesp. O projeto inicia-se a partir da produção pessoal em fotografia, com imagens produzidas com a câmera de celular. Tais fotografias servem como base para reflexão do conceito de dispositivo fotográfico a partir das teorias de Villém Flusser e Gilbert Simondon.
Palavras-chave: Fotografia. Dispositivos Fotográficos. Processo Criativo.

Flash Mob
Chan Fang Lin
Mestre em Artes, IA-UNESP

RESUMO: Flash Mob é uma expressão artística que contrasta com uma sociedade contemporânea : previsível, burocrática e apática. É considerado um fenômeno relativamente  recente e inusitado em um local urbanizado o qual um grande grupo de pessoas marca um encontro em um determinado local e horário, porém congregam um tema em comum, são convocados através do  uso da tecnologia:  redes sociais, mensagens de texto de telefones celulares ,  e-mails,  redes sociais ou até por listas de comunidades da internet. . Os integrantes são geralmente não se conhecem,  o  grupo ao se encontrar geralmente desempenha uma performance ou dança caracterizados pelo tema da convocação, a  unidade do grupo é mantida através da dança ou dos personagens escolhidos como tema para a performance. As aglomerações são praticamente instantâneas , da mesma rapidez que se reuniram se dispersam  esperando pelo próximo flash mob.

Palavras chaves: tecnologia, performance, grupo.


Goze-gozo, o eu e o tu: organismo vivo, ecossistramas, desejos, fluxos, invenção, projeção sígnica, cidade estética. Poesia, Intervenção Urbana, Erotismo e Corpo

Daniele Gomes de Oliveira
Doutoranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Trata-se de um projeto que aborda relações com o corpo e a sexualidade. Partimos das dificuldades de adequar a nossa proposta poética a um edital institucional. Apresentamos a gênese de nossa ideia, e o desenvolvimento de uma poética desenvolvida em colaboração, tentando solucionar questões de ordem estética e institucional, para que o trabalho, e seus desdobramentos, se realizem em instituições e intervenções poéticas na cidade de São Paulo. Queremos, a partir de nossa proposta, e de sua viabilização, (ou não), discutir as relações entre artista, instituição e público, assim como as relações entre censura e autocensura, no que se refere a poéticas artísticas, e relações com o próprio corpo. Queremos provocar reflexões sobre questões tão importantes, e, ainda, sem respostas. Contribuímos para esta construção.
Palavras-chave: Arte Contemporânea. Intervenção Urbana.Corpo.

  

A pintura ilusionista no estado de São Paulo: São Paulo, Itu e Mogi das Cruzes.

Danielle Manoel dos Santos Pereira
Grupo de Pesquisa Barroco Memória Viva: da arte colonial à arte contemporânea – IA-UNESP/CNPq
Doutoranda em Artes Visuais, IA-UNESP, Bolsista FAPESP (2013-2016)

RESUMO: A pintura de perspectiva ou ilusionista foi um dos métodos utilizados pelos artistas dos séculos XVI ao XIX – no período do Renascimento ao Rococó – para envolver o espectador com a arquitetura e a pintura chamada de trompe l’oeil. Dessa forma, os pintores sacros, utilizando métodos desenvolvidos pelos teóricos e tratadistas do ilusionismo pictórico, fantasiavam com aqueles recursos, as abóbadas, ou os forros das construções sacras para que o espaço celeste (visão) pudesse estar em comunhão direta com os ditames do Concílio de Trento. Empregada nas pinturas europeias (efeitos perspécticos ou quadratura) foi aqui implantada desde 1732 por Caetano da Costa Coelho (ativo no Rio de 1706 a 1749) no Rio de Janeiro e José Joaquim da Rocha (1737-1807) na Bahia, em Minas Gerais a pintura de perspectiva atinge o ponto máximo com a obra de Manuel da Costa Ataíde (1762-1830) - Mestre Ataíde. Logo, há no Brasil inúmeras igrejas coloniais que possuem pinturas ilusionistas. Dentre as obras do Estado de São Paulo, algumas merecem especial atenção por suas particularidades e especificidade, são as pinturas situadas na cidade de São Paulo, Itu e Mogi das Cruzes. Algo que não é recorrente na história da pintura paulista, o uso de pinturas Ilusionistas, mas algumas igrejas, destas cidades em especial, são detentoras de obras dessa categoria. Partindo dessa especificidade, a presente pesquisa tem por objetivo averiguar nas fontes primárias as autorias das seis pinturas ilusionistas localizadas nas igrejas coloniais das cidades, propostas acima e, analisar seus múltiplos aspectos, em virtude da carência de estudos sobre essas pinturas.
Palavras-chave: São Paulo.Igrejas Coloniais. Mogi das Cruzes.
  

O cinema e a criação de mitos: cangaceiro e o gaúcho, uma relação intercultural Brasil e Argentina

Debora Cristiane Silva e Sanchez
Aluno especial – Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: A pesquisa baseia-se no pressuposto de que o cinema contribuiu (e contribui), amparado na literatura sobre o tema, para a criação do mito do sertanejo e do gaúcho a partir da análise de filmes sobre o assunto, sempre comparando com a literatura. Acredita-se que o cinema, muitas vezes a partir e /ou com ajuda da literatura (no caso do sertanejo, a literatura de cordel também deve ser considerada), colaborou para a formação dos mitos do cangaceiro e do gaúcho e que fazem parte do imaginário e da identidade da cultura brasileira e argentina principalmente em uma sociedade pós-moderna em que a necessidade de diferenciar-se do outro é necessária e há uma relação intercultural entre eles e esta é resultado da universalização das personagens a qual é dada pela forma como é mostrada a maneira como eles sobrevivem e reagem à miséria vivida no sertão, o caso do sertanejo, nos pampas, o gaúcho. Tal miséria é retratada pelo cinema, tanto brasileiro quanto argentino reforçando características como o apego à terra, a liberdade, o “ser fora-da-lei”, o bandido ora mostrado como como justiceiro, ora como bandido social, expressão usada por Eric Hobsbawm em Bandidos para definir os fora da lei que surgem em sociedades agrárias em transição para o capitalismo. Além do exposto no parágrafo anterior, é possível perceber por meio de uma análise cinematográfica e literária que tanto o gaúcho quanto o sertanejo, são personagens bastante regionais caracterizados pela indumentária, comida, costumes, moradia, música e dança etc. Assim sendo é possível estabelecer uma relação intercultural entre eles e questionar a importância disso em um momento histórico (globalização) no qual há a necessidade de diferenciar-se do outro.
Palavras-chave: Sertão. Pampa e Cinema.

Memórias Coletivas

Deni Dias (Cladenir Dias de Lima)
Mestre em Artes Visuais, IA-UNESP

Prof. Dr. Agnus Valente, PPG IA-UNESP

RESUMO: Na série Memórias Coletivas será demonstrando todo processo de criação e produção das obras, evidenciando suas influências, referências e leitura da obra. Além da exploração das possibilidades de utilização do corpo como suporte e das novas tecnologias, será abordada a questão da produção coletiva, tendo como influência o método P.E.R.A. (percepção, expressão, reflexão e ação) de Yoshiura (1982). As imagens desta série foram captadas e tratadas pelos novos meios (fotografias digitais, scanners e computadores), durante todo o processo novas possibilidades foram sendo criadas, buscando imagens fictícias e/ou híbridas (PLAZA e TAVARES, 1998) estabelecendo uma interface que aglutinasse um grupo de sujeitos à máquina. A qualidade dos recursos tecnológicos colocou em evidência reflexões a respeito da criação artística e do próprio artista–pesquisador como autor da obra. A estrutura produtiva apresenta de certa forma aspectos de cunho coletivo e uma sinergia entre homem e máquina, revelando uma “hibridação interformativa” segundo conceito de Valente (2008).
Palavras-chave: Hibridismo. Vivências Coletivas. Corpo como suporte.



A descoberta da pintura invisível de Jesuíno do Monte Carmelo na Igreja do Carmo de São Paulo: marco na história da arte paulista

Eduardo TsutomuMurayama
Doutorando em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Esta comunicação apresenta o processo de descoberta e restauro da “pintura invisível” do padre Jesuíno do Monte Carmelo na Igreja da Ordem Terceira do Carmo de São Paulo, em contraposição às obras do artista que até então eram conhecidas, realizadas na cidade de Itu. No início da década de 1940, enquanto preparava a biografia do padre Jesuíno para o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), o crítico de arte Mário de Andrade levantou a suspeita de que a pintura visível naquele momento, na parte central do teto da nave paulistana, poderia não ser de autoria do religioso. Surgiu, assim, a teoria da “pintura invisível” do padre Jesuíno: a desconfiança de que a pintura original do sacerdote ainda poderia existir intacta por baixo de outras camadas de pintura acrescentadas posteriormente. Desse modo, a partir do tombamento pelo IPHAN e depois de décadas oculta da vista do público, a composição “invisível” de Jesuíno ressurgiu com a recente restauração coordenada pelo historiador Carlos Cerqueira e revelou uma pintura de qualidade técnica e requinte estético sem par na produção artística da capital naquele período. Análises e comparações com outras obras do mesmo artista, como a pintura do teto da capela-mor da Igreja do Carmo ituana e inclusive com o recente desvendamento das pinturas da capela-mor da Igreja Matriz de Itu, justificam porque a composição paulistana converteu-se no melhor trabalho do padre Jesuíno do Monte Carmelo e um marco para a história da arte paulista.
Palavras-chave: Padre Jesuíno do Monte Carmelo. Igreja da Ordem Terceira do Carmo de São Paulo. Mário de Andrade.


Walter Silveira – da poesia concreta à videoarte, um artista múltiplo

Eliana Lobo de Andrade
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Walter é um artista do vídeo que captou a proposta dos poetas concretos e, tendo contato com o trabalho dos primeiros videoartistas como Nam June Paik, Bill Viola e outros, cria experiências estéticas que incorporam a invenção. Esta comunicação pretende mostrar a trajetória de um artista, Walter Silveira, desde suas primeiras atuações como expoente da videoarte nas década de 1970 e 80 até as obras atuais.
Palavras-chave: Videoarte. Poesia Concreta. Tradução Intersemiótica.


Manuscritos culinários para a História da Alimentação

Eliane Morelli Abrahão
Doutoranda em História Cultural,CLE-UNICAMP

RESUMO: Nesta comunicação apresento breve comparação entre oito cadernos manuscritos de receitas, objetos de meu estudo de doutorado sobre as práticas alimentares. Esses exemplares foram localizados em arquivos pessoais de famílias residentes em Campinas, no período de 1860-1940. Os cadernos de receitas, remanescentes do constante manuseio, do fogo e da gordura, encontram-se sob a guarda da Seção de Arquivos Históricos do Centro de Memória da Unicamp.  Esses manuscritos culinários são o registro de uma escritura feminina que transpõe o tempo cronológico e faz surgir um tempo histórico de uma sociedade com suas transformações e permanências, descortinadas pelo caderno de saberes de Bárbara do Amaral Camargo, pelas escolhas de Custódia Leopoldina de Oliveira e pela sociabilidade, jantares cerimoniosos, provavelmente ofertados por Anna Henriqueta de Albuquerque Pinheiro. Estas três senhoras, personagens e autoras dos cadernos estudados, pertenciam às famílias da elite econômica, política e intelectual de Campinas. Redes sociais essas eram mantidas e fortalecidas nos jantares, bailes e chás oferecidos à sociedade. Nossas análises perpassam não apenas pelas escolhas alimentares feitas por estas mulheres, mas também pelas questões da sociabilidade, da comensalidade, materialidade e modos de vida das famílias paulistas, com enfoque para a cidade de Campinas.
Palavras-chave: História da Alimentação. Práticas Alimentares. Cultura Material


O barroco no cinema latino americano: Dragão da maldade contra o Santo Guerreiro (Brasil) e a Última ceia (Cuba)

Fabio de Freitas Leal
Aluno especial – Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Esta dissertação pretende investigar as influências do barroco em duas produções cinematográficas latino-americanas, a primeira é o filme Dragão da maldade contra o santo guerreiro de Glauber Rocha e a segunda, La última cena (a última ceia), do diretor cubano Tomás Gutiérrez Alea.Várias são as semelhanças entre as duas obras, a iniciar pelo teor político e nacionalista que o Nuevo Cine Latinoamericano carrega, porém o foco desta pesquisa é a presença do barroco e consequentemente da narrativa religiosa. O barroco chega no Brasil e em Cuba quando este estilo já havia entrado em declínio na Europa, porém foi muito importante no processo introdutório do catolicismo nestes países e é principalmente nas manifestações religiosas que sua presença se faz mais latente. No filme de Tomás Gutiérrez Alea, toda a trama se desenvolve na semana santa. O nome do filme refere-se à santa ceia, que é celebrada sempre na quinta-feira da semana que celebra a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo. No filme Dragão da Maldade, Glauber Rocha usa da iconografia católica para contar a história da conversão de Antônio das Mortes (assassino de Corisco no filme Deus e o Diabo na terra do sol, também do diretor Glauber Rocha), entre as cenas mais marcantes estão a Pietà (protagonizada pela santa Barbara e o cangaceiro Coirana) e a “crucificação” de Coirana. A pesquisa também analisará como o barroco, que entrou em declínio há mais de um século, pôde influenciar dois dos diretores mais importantes da América Latina.
Palavras-chave: Barroco.Cinema. América Latina.

  

Por uma estética do mundo percebido em Eliseu Visconti: uma leitura sobre as obras do período de 1930 a 1944

Fabíola Cristina Alves
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: A partir da reflexão estética de Merleau-Ponty que insere leituras sobre o universo sensível presente no fazer artístico pela retomada do mundo percebido revelado aos nossos olhos pelos fenômenos perceptivos das sensações das cores e das luzes, desenvolveremos uma leitura estética sobre as pinturas que Eliseu Visconti produziu durante o período de 1930 a 1944. As pinturas desse período foram produzidas na cidade de Teresópolis no Rio de Janeiro, apresentando cenas cotidianas do universo familiar de Eliseu Visconti e privilegiadas pelo cenário do quintal e da vegetação natural. A nosso ver, o artista desenvolveu paisagens que revelam uma fecunda relação entre a figura humana representada e a natureza. Se para Merleau-Ponty a retomada do mundo percebido pela arte significava para o homem moderno o reencontro indiviso entre o homem, a natureza e a expressão artística, em outros termos, a retomada da percepção primordial que fora considerada pelo filósofo um dos ensinamentos modernos apresentados para o mundo cultural pela pintura de Cézanne, dos impressionistas e de outros artistas modernos. E tendo como pressuposto a influência recebida por Eliseu Visconti da chamada arte neoimpressionista durante sua passagem pela França como pensionista do governo brasileiro da Primeira República e os outros períodos que viajou a Europa até 1920 quando retorna definitivamente para o Brasil, apresentamos uma leitura sobre as pinturas de Eliseu Visconti que procuram destacar o tratamento do tema da paisagem como um mundo a ser percebido mediante uma relação sensível e de correspondências existenciais entre o homem e a natureza, que na nossa avaliação se desvela imanente nas últimas pinturas do pintor.
Palavras-chave: Eliseu Visconti. Mundo Percebido. Estética.

  
Estudos para inclusão de efeitos visuais interativos em shows musicais

Fernanda Carolina Armando Duarte
Doutoranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: O artigo relata algumas experiências realizadas pelo Coletivo RE(C)organize em relação à aplicação de efeitos visuais interativos em espetáculos musicais. Estes estudos estão ligados à pesquisa de doutoramento da autora intitulada “A INFLUÊNCIA DOS EFEITOS VISUAIS NA CONSTRUÇÃO NARRATIVA EM ESPETÁCULOS COM PROJEÇÃO AO VIVO”, sob orientação da Prof. Dra. Rosangella Leote e se desenvolvem a partir de dois trabalhos com objetivos distintos. Os estudos iniciais estão relacionados à elaboração do projeto Sala das Paredes Invisíveis, uma intervenção multimídia com a banda Aos Maníacos Símeis e a colaboração da dupla de arquitetos Ivan Mazel e Nina Romero da empresa El Cabrito. Os estudos mais recentes se dirigem à construção de um videoclipe da música Take me Back to Planet Earth da cantora Stela Campos, o qual se propõe a ser reproduzido tanto em uma versão gravada para publicação em sites de vídeo como o Youtube e o Vimeo, quanto em uma versão ao vivo nos shows da cantora.
Palavras-chave: Interatividade. Projeção. Efeitos Visuais.

  
Diagramas

Francine Cunha
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: As obras de Antonio Dias quando despontaram na década de 1960 eram feitas de um aglomerado de formas e cores vibrantes. As palavras que ali apareciam tinham uma qualidade formal e se infiltravam no acúmulo de figuras. É este o primeiro momento em que as palavras passaram a habitar as obras do artista. Depois, já em meados dos anos 1970, as palavras, ainda sem perder a sua qualidade formal, começam a trazer também uma carga conceitual que se mostrava à medida que o artista passava a pensar mais nas propriedades significantes do material ao invés de pensar figuras. É nesta fase que as cores vibrantes também desaparecem e ele passa a trabalhar mais com imagens em preto e branco. Antonio Dias reduz apenas a palavras suas composições em grandes painéis em preto, chamados por ele de diagramas, nos quais a palavra assume plenamente sua qualidade conceitual. Este artigo analisará três imagens deste período e suas respectivas associações.
Palavras-chave: Espaço. Artes Visuais.Antonio Dias.



Interfaces poéticas computacionais baseadas em biosensores

Hosana Celeste Oliveira
Doutoranda em Arte, Ciência, Tecnologia, IA-UNESP

RESUMO: No campo das poéticas computacionais tem se projetado uma rica área de pesquisa e de produção artística que dialoga, se informa e contribui diretamente com os Estudos da Consciência. Dentro desse campo, são inúmeros os tipos de interface e, para se referir a eles, vários termos têm sido utilizados, cada um deles focando diferentes formas de relação com o “usuário”. Independente da nomenclatura, ou do modo de entrada/saída de dados, o que essas interfaces têm em comum é que elas são pensadas levando-se em conta várias questões que se relacionam direta, ou indiretamente, com os Estudos da Consciência e, muitas vezes, materializam formas inovadoras de interação que resultam de aplicações de pesquisas das neurociências cognitivas/ciências cognitivas. O artigo pretende estudar o tópico interfaces poéticas computacionais baseadas em biosensores em suas relações com os Estudos da Consciência e, para isso, serão apresentados uma introdução sobre o assunto e exemplos de trabalhos que se relacionam com o tema.
Palavras-chave: Interface poética computacional. Estudos da Consciência. Arte-ciência.
  

Cadeia operatória da cerâmica manufaturada pelas artesãs PaiterSuruí

Jean-Jacques Armand Vidal
Doutorando em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Análise comparativa da cerâmica de dois povos do tronco tupi da Amazônia, os Suruí de Rondônia e os Asurini do Xingu, para averiguar, comparativamente, aspectos morfológicos, decorativos, sociais e simbólicos a eles relacionados assim como comparar processos e procedimentos na fabricação da cerâmica. Abordaremos também o papel da cerâmica nestes povos, o uso dos vasilhames cerâmicos no cotidiano, no ambiente doméstico e sua importância nas festas ritualísticas.  Outro aspecto abordado será a história de vida das artesãs.
Faremos um levantamento dos tipos de argilas empregadas na manufatura das peças, assim como o preparo de suas pastas e verificar se ocorre ou não o antiplástico e uso de tempero na massa. Procuraremos detectar a presença e uso de materiais como corantes vegetais e minerais e os instrumentos utilizados nesta produção cerâmica.
Analisaremos a tecnologia, morfologia, decoração pintada (banho, engobo, pintura monocromática e policromática) e plástica (incisão, pressão, relevo, perfuração e apliques) para detectar as diferenças e possíveis recorrências de técnicas de preparo das pastas cerâmicas, formas e tratamentos de superfície ou ausência destes elementos.
Palavras-chave: Cerâmica. Artesanato Indígena.Povos Tupi.


Artista Universidade

Lucas Ribeiro de Melo Costa
Mestrando em Artes Visuais ,IA/UNESP
Bolsista Capes

RESUMO: O artigo ressalta a necessidade de aliar a produção artística à pesquisa formal, de modo que potencialize e dê outras vias de entendimento da Arte, e não a conformação da práxis artística na estrutura inflexível da pesquisa acadêmica. Só quando há uma permeabilidade entre o artista e a universidade, torna-se possível o enriquecimento de ambos.
Desta forma, buscamos entender o que difere a pesquisa em Arte do método científico tradicional e suas proximidades (da Arte) com o pensamento sistêmico, que compreende um método complexo de pesquisa, sem a necessidade de ramificações de um todo, visando não perder ca-racterísticas essenciais, para uma contribuição original destes pesquisadores na universidade.
Palavras-chave: Artista. Arte. Sistematização.


 A estética Afro-brasileira de Carybé

Marcelo Mendes Chaves
Mestre em Estética e História da Arte, Universidade de São Paulo

RESUMO: O trabalho trata da plástica de Carybé, especificamente em suas ilustrações e produções gráficas, no período compreendido entre 1950 e 1980. A pesquisa desenvolvida sobre essa temática considera a mitologia e a ritualística de origem negro-africana iorubá como uma das poéticas do artista, aproxima sua imagética, em diferentes momentos, à manifestação do sistema religioso do candomblé Queto por uma maior visibilidade e inclusão social e procura pontuar os principais aspectos de sua construção a partir da segunda metade do século XIX. O estudo envolve a análise do livro Os Deuses Africanos no Candomblé da Bahia (1993); com base nessa produção, e tendo como principal teórico Mariano Carneiro da Cunha, o debate sobre a formação do candomblé Queto na Bahia amplia-se e possibilita uma interlocução com a fotografia, literatura e música, destacando: Pierre Fatumbi Verger, Jorge Amado e Dorival Caymmi. A partir de uma abordagem da história da arte afro-brasileira e de uma perspectiva da antropologia estética, procuramos compreender a produção de Carybé inserida na formação identitária do Brasil
Palavras-chave: Carybé. Arte Afro-Brasileira. Candomblé.


A identidade entre o sertão e o deslocamento geográfico na metafóra do comer no filme Deserto Feliz dirigido por Paulo Caldas

Márcia Plana Souza Lopes
Aluno especial – Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Esta comunicação abordar o “sertão”, discutindo a temática da prostituição no filme Deserto Feliz (2007), longa-metragem de Paulo Caldas, a partir de metáforas no campo alimentício, interessa verificar como o som, a fotografia, o movimento e o discurso se interage no processo da montagem cinematográfica. Deserto Feliz é montado emflash back, narrando as lembranças extraída dos olhos angustiando da protagonista, Jessica (Nash Laila). Desta forma, observa-se que a sequência inicial e a final se constitui da mesma cena – Jessica em Berlim (Alemanha) com Mark (Peter Ketnak), jovem alemão, que lhe propõe uma vida sem prostituição em terras estrangeiras. O roteiro cinematográfico compõe uma estrutura não-linear, acarretando a circularidade ao discutir os prováveis problemas  na busca do “eu”, da identidade e do desejo de retomar o sertão pernambucando, principalmente na modernidade, após a presença de recursos materiais como “industria, informática”, refletidos nas ruas, nos carros, no caminhão, no rádio, na televisão e na própria Alemanha. Para percorrer a análise desta cinematografia pensou-se usufruir dos recursos do erotismo da descontinuidade à continuidade de George Bataille, numa perspectiva de desvendar aspectos alimentícios como metáfora da prostituição no trânsito entre o sertão e a “civilização”, bem como notificar os elementos que consolidam o cinema brasileiro. Nesta perspectiva, o acento recai ao sertão, configurando a passagem de um outro sertão. Este sertão entremeia-se no paradoxo do título Deserto feliz, em que se pauta na narrativa termos de interioridade/exterioridade, aproximação/distanciamento entre o ser e o sertão.
Palavras-chave: Sertão. Identidade. Metáfora.


A escultura religiosa do período colonial na capela da Venerável Ordem Terceira Franciscana, em São Paulo

Maria José SpiteriTavolaro Passos
Doutoranda em Artes Visuais, IA-UNESP

Mozart Alberto Bonazzi da Costa
Doutorando em Arquitetura, FAU/USP

RESUMO: A capela da Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Assis da Penitência, localizada no tradicional Largo São Francisco, em São Paulo, abriga um conjunto de retábulos remanescentes e representativos da primeira fase estilística do reinado de D. João V sob a influência romana e do estilo Rococó. A configuração da atual igreja atende ao projeto atribuído ao Frei Antoniode San’Anna Galvão, que envolveu a construção do novo templo em obras realizadas por volta de 1787. A área da antiga capela dos terceiros foi incorporada à nova construção e, em razão da nova planta da capela, o retábulo-mor original, outrora consagrado a São Francisco, teve sua posição alterada e passou a abrigar a imagem da Imaculada Conceição. Para a capela-mor executou-se um novo retábulo no estilo rococó, que passou a abrigar o orago da ordem e uma nova e monumental imagem do Cristo Seráfico, de refinada fatura e que em muito se assemelha ao conjunto presente na capela da mesma ordem na cidade do Rio de Janeiro. Neste momento em que toda a capela paulista dos terceiros passa por um processo de restauro, apresenta-se aqui a partir da análise de documentos e de um estudo comparativo entre registros fotográficos tomados entre os anos de 1930 e 1950 e outros realizados mais recentemente, durante as prospecções para as obras de restauro da capela dos terceiros franciscanos de São Paulo, um estudo a respeito das relações históricas e estilísticas entre as imagens e esses dois conjuntos retabulares, verificando algumas entre as transformações ocorridas ao longo dos seus dois séculos de existência, após reformas e obras de restauro. Pretende-se desta forma oferecer subsídios para a realização de novos estudos dirigidos a este conjunto arquitetônico e artístico que constitui um dos mais representativos entre os remanescentes da talha e da imaginária presentes na cidade de São Paulo desde o período colonial brasileiro.
Palavras Chave: Imaginária. Retábulo. Talha Ornamental. São Paulo.
  

Reflexões sobre pintura e a experiência do olhar

Maryana Lemos Nogueira Rela
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: O presente trabalho parte de indagações suscitadas pela pesquisa de mestrado, ora em desenvolvimento, na linha de Processos e Procedimentos Artísticos, em que as questões tratadas têm origem na produção em pintura da autora. Apresenta reflexões acerca do olhar e sua relação intrínseca com a produção pictórica, focando especialmente na pintura realizada a partir de referência. Relaciona as questões levantadas com o pensamento do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty, principalmente a partir de seu ensaio O olho e o espírito.
Palavras-chave: Pintura. Olhar. Percepção.


Intervenção urbana - Projeto Barcor - Estética tocantina

Maurício Adinolfi
Mestrando em Artes Visuais, IA-UNESP
Bolsista Capes


RESUMO: Este artigo visa apresentar o processo de trabalho desenvolvido no Projeto BarcoR - estética tocantina, que foi uma residência artística realizada pelo artista plástico Mauricio Adinolfi em conjunto com a Associação de Barqueiros e parceria com artistas da cidade de Marabá/PA, resultando na pintura de 30 barcos.
É proposta uma investigação dos procedimentos adotados no decorrer do projeto, desde o primeiro contato com as lideranças locais até a prática de criação conjunta. Serão abordadas as conexões desenvolvidas, as trocas de conhecimentos e as negociações sociais/estéticas que permearam todo o processo de trabalho, analisando as influências e desdobramentos a partir de uma relação dialética entre construção e pulsão criativa.
Palavras-chave: Intervenção urbana. Processo criativo coletivo. Residência artística.Estética relacional. Arte e sociedade.
  

Padronagem Japonesa: Cerâmica e Kimono

PatriciaYukiOmoto
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Os Padrões/Padronagens tradicionais japonesas são uma parte importante do estilo de vida no Japão e ainda hoje é parte indispensável dela. Está por toda parte, nas vestes, no utensílios de cozinha, na decoração das casas, nos tecidos, nos emblemas de família e na arte. Está inserido no cotidiano e é um registro histórico da tradição e estética do país. S. Hibi (2001) define,“Padronagem pode ser definida como uma ordenada, e muitas vezes um arranjo de repetição de ponto, linhas, formas e cores”, S. Hibi também explica que os japoneses consideram padronagem algumas figuras ou imagens por aparecerem tradicionalmente inúmeras vezes ao longo da história como parte de um padrão, apesar de não serem consideradas na definição literal da palavra. Podemos dizer que a padronagem e/ou padrão é um ornamento, a palavra ornamento vem do latim: ornare, decorar, ornar, e ordinare, ordenar. Segundo R. Smeets, a ornamentação é considerada uma das expressões mais antigas da criatividade humana, afirma que teve início com a decoração do corpo, com riscos, faixas e outras formas primárias na cerâmica. Com base em R. Smeets escolhi como suporte de estudo, a veste tradicional Japonesa, o kimono, que serve como decoração do corpo e a cerâmica que vem acompanhando a humanidade ao longo dos tempos. O objetivo deste trabalho é pesquisar os tradicionais padrões/padronagens da cultura japonesa, usando como suporte de estudo o kimono e a cerâmica. Estudar a aplicação da padronagem com o uso de técnicas tradicionais de decoração e técnicas contemporâneas de impressão em cerâmica e suas possibilidades.Essa pesquisa se justifica por existir pouco estudo no Brasil sobre a padronagem japonesa, tema de extrema importância, pois revela a história cultural e estética de um país. Os padrões e desenhos em cerâmica e kimono servem como um registro cultural.
Palavras-chave: Padronagem. Japão.Kimono. Cerâmica.


Pressagiar o tempo na pintura de Adriana Varejão: entre o colonial e o coevo

Priscila Beatriz Alves Andreghetto
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Tendência comum entre os artistas do Renascimento, do Maneirismo e do Barroco era a de criar suas inspirações com base em convenções iconográficas, melhor explicitando, valendo-se de uma descrição oral ou de uma cena cotidiana que apresentasse alguns objetos, gestos, vestes entre outras características, era possível diferenciar deuses, santos ou representações mitológicas, abstratas. A influência dessas ideias se deu pela circulação de gravuras e livros ilustrados, que eram os meios de informação do período colonial. Portanto, há um forte componente desse período nas produções artísticas em Terra Brasilis. Adriana Varejão explora a cor, a carga simbólica e as qualidades intrínsecas da azulejaria colonial. Esse elemento fascina a artista, por sua dramaticidade e cromaticidade; a artista usa como pano de fundo e tema de suas pinturas abordando uma enorme gama de questões a partir dele como a história do Brasil e da Arte, a pluralidade da pintura.
Palavras chaves: Barroco. Nacionalidade. Azulejaria.
  

Palavra e imagem: diálogos da visualidade no livro de artista

Priscilla Barranqueiros Ramos Nannini
Doutoranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Esse artigo faz parte da minha pesquisa de doutorado que está em andamento, que é sobre a relação palavra e imagem, dentro da poesia, artes e design. Assim, elegi alguns artistas, poetas e designers que trabalhem com o livro de artista em suas poéticas pessoais. O livro de artista é o fio condutor do caminhar dessa pesquisa. Relatando suas relações entre verbal e visual no decorrer do tempo e dos movimentos artísticos. Vou traçar diálogos entre a palavra e imagem nessas linguagens, usando como exemplo obras de Aloísio Magalhães, Julio Plaza e Augusto de Campos, Ronaldo Azeredo, Lygia Pape, Mira Schendel, finalizando com um estudo de caso da trajetória de Edith Derdyk, que com suas amarrações, costuras, escritas, percorre esse universo da palavra e da imagem. No artigo começo definindo o termo livro de artista e discorro sobre as experimentações visuais e as pesquisas de material. Delimito o tempo histórico da pesquisa trabalhando no início do século XX, época da eclosão dos movimentos artísticos modernistas, época de grande desenvolvimento dos recursos materiais e pesquisas, o que possibilitou o uso desses mesmos recursos no design gráfico, artes e poesia visual. Faço uma contextualização histórica, traçando os precursores desta arte e sua relação com a poesia concreta e neoconcreta. Meu recorte no Brasil se dá por volta dos anos 50, quando a poesia concreta está no seu auge, poetas e artistas se unem para grandes experimentações visuais, sonoras e da forma. Até chegar aos dias de hoje, citando alguns artistas que trabalham com essa forma de arte na atualidade.
Palavras chaves: Imagem. Palavra. Livro de Artista. 

  
O Bagaço da Pintura

Rogério Rauber
Mestrando em Artes Visuais,IA-UNESP

RESUMO: Dialogismo teórico e prático entre o conceito de campo expandido (KRAUSS, 1984) e a nossa produção artística. Investigamos estratégias de atualização de configurações pictóricas neste campo expandido, problematizado consonante à noção de unidade complexa (MORIN, 2005), sob a ótica de redes processuais da criação (SALLES, 2006) e focado em suas potencialidades cognitivas. Descrevemos as questões que geraram os trabalhos da série “O Bagaço da Pintura”, e as respostas emergentes, bem como as novas perguntas que nos levaram à outra vertente da pesquisa: “PictoCartografias”, também descrita e avaliada.
Palavras-chave: Campo Expandido. Complexidade. Processo Criativo.


Estudos de fenômenos em Media Art: forjando uma Metodologia interdisciplinar

Rosângela Aparecida da Conceição
Mestre em Artes,IA-UNESP
Grupos de pesquisa cAt – IA-UNESP e GIIP-IA-UNESP/CNPq

RESUMO: Os estudos dos fenômenos em arte e tecnologia exigem, por vezes, a formulação de uma estrutura metodológica diferenciada, buscando abarcar as diversas camadas que envolvem as produções poéticas em Media Art. Como forma de atingir tal objetivo a interdisciplinaridade foi a característica principal da metodologia desenvolvida para elaboração da dissertação Mapeamento Mobile Art: propostas poéticas no uso de telefones celulares – 2001 a 2010, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Artes, do Instituto de Artes da UNESP, em junho de 2013.  A estruturação desta metodologia levou em consideração os campos atingidos pelo conjunto de trabalhos analisados, que articulam e mesclam a pesquisa artística, pesquisa em ciências humanas, ciência da informação, arquivística, computação e artes visuais. Na seleção dos autores, buscamos conceitos da pesquisa em artes, vistos a partir de Silvio Zamboni (2006), da pesquisa-ação de Michel Thiollent (2009), da Teoria do Insight de Bernard Lonergan (2010) e da Teoria dos Sistemas de Ludwig Von Bertalanffy (2007). Trataremos aqui desta articulação, das possibilidades de aplicação e das dificuldades encontradas ao longo desta pesquisa.
Palavras-chave: Metodologia. Pesquisa Interdisciplinar. Media Art.



A evolução representacional do mito de Pandora nas Artes Visuais e no Cinema

Rosangela Canassa
Mestre em Artes, IA-UNESP

RESUMO: A proposta da palestra tem como objetivo refletir sobre os processos de evolução representacional do mito de Pandora nas Artes Visuais e no Cinema, bem como, analisar o seu aparato de vinculações simbólicas na cultura contemporânea. Ao comentar sobre o filme “A caixa de Pandora”, a partir de um capítulo da minha dissertação do Mestrado, intitulada “A caixa de Pandora: as deusas e o feminino no cinema”, defendida em 2006, junto ao Programa, se justifica porque o filme tornou-se um ícone do cinema expressionista alemão e portador de uma narrativa atemporal e mítica, com a personagem Lulu, interpretada por Louise Brooks. O filme também apresenta um cenário fantástico, que vai de Berlim, na década de 20 e que volta no tempo a uma Londres, com seu fog encobrindo as ruas escuras, que sinaliza perigo. O filme em conexão com pinturas, esculturas com o mito, pretende revelar que o mecanismo produtor das imagens cinematográficas e das lendas mitológicas são meios da expressão da vida humana.
Palavras-chave: Cinema. Artes Visuais. Mito de Pandora.



Ateliê, fragmentação e sintaxe

Selma Daffre
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Este artigo e/ou comunicação pretende refletir sobre as relações teóricas e práticas do processo da criação artística, partindo do Urbano como campo de experiência poética e a Arte das Gravuras como lugar da “memória” e “identidade”.  Intenta-se buscar uma perspectiva que proponha uma releitura desse ambiente, no caso o bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo, tornando legíveis os sistemas de representação que aparentemente ignoram significados imagéticos. A narração da sua linha de construção e concepção de ideias é justificada através de associações e por meio da observação crítica. Nela são estabelecidas relações entre os processos de criação - iniciados com a apropriação e deslocamento da imagem - e seu desenvolvimento com apoio da repetição, o que abre potencialidades construtivas do espaço urbano e dialógicas com ele. O resultado de toda essa abordagem abre novas vertentes de pesquisa e elaboração de trabalhos, transformados em projetos que, de certa forma, sintetizam esta reflexão. O evento como objeto de trabalho e ponto de partida, traz a reflexão da artista sobre sua produção, os procedimentos e relações visuais das obras produzidas que materializam sua arte.
Palavras-chave: Cidade. Gravura. Memória.


Manchas de Calor


Talita Gabriela Robles Esquivel
Doutoranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: O artigo trata do início da pesquisa plástica do doutorado, realizada durante a disciplina Meios de Produção e Práticas Híbridas na Arte Contemporânea, ministrada pelo professor Dr. Agnus Valente. O memorial descritivo, entregue como trabalho final da disciplina, foi adaptado em formato de artigo para esta publicação. A pesquisa foi realizada por meio da queima, em forno à lenha, de manequins plásticos sobre suportes de metal. Paralelamente, é feita uma experimentação com solda. Ou seja, a produção girou em torno do calor e do formato do corpo, resultando em manchas nas placas de metal. A escrita, em ordem cronológica, foca no processo criativo e se divide em duas partes: quanto à produção física dos trabalhos e quanto aos resultados. Isto é, uma parte discorre sobre o modo como foram feitos e outra, sobre os resultados visuais dos trabalhos.
Palavras-chave: Queima. Mancha. Hibridismo.



História da Alimentação através de imagens: representação, imaginário e simbologia

Tatiana Lunardelli
Mestre em Artes, IA-UNESP

RESUMO: A História da Alimentação é o tema desta comunicação. Para realizá-la optamos por apresentar uma linha de tempo que vai desde a Antiguidade Clássica, passando pela Idade Média na Europa, a Renascença e a Revolução Francesa, onde tivemos a invenção do restaurante, o aparecimento dos talheres, da importância da beleza da comida, da estética ao servir um prato, a mudança no formato das mesas e o cerimonial, envolvendo todo esse processo. Através de imagens de obras de artistas como Sandro Botticelli, Benedetto Caliari, Jan Brueghel, Pieter Brueghel, entre outros, mostraremos essas mudanças de comportamento envolvendo o ritual do banquete. No caso da mentalidade medieval, onde a gula e a gula e a luxúria eram colocadas lado a lado, São Tomás de Aquino (2005), apoiando-se em São Basílio, ao debater se a gula deveria ou não estar entre os pecados capitais – pois ela já que era considerada um pecado que leva a outros – especificava seis outros pecados que o excesso de comida iria certamente gerar: “alegria excessiva e inconveniente, grosseria, impureza, loquacidade e um incompreensível embotamento do espírito.” Também talvez a gula e a luxúria sejam pecados extremamente “visuais”, de fácil representação, ao contrário dos outros que se tornam extremamente difíceis pois são falhas mais interiores ou puramente psicológicas. Hieronymus Bosch no quadro O Juízo Final, coloca os glutões como comida, servidos como um gigantesco ensopado; já Pieter Brueghel, na ilustração chamada Gula, adverte na legenda sob os desenhos: “Afaste a embriagez e a gula, porque o excesso faz o homem se esquecer de Deus e de si mesmo”. No caso de Dante (1996), aos glutões cabe o terceiro círculo do inferno, região mais baixa que a ocupada pelos luxuriosos, apesar da semelhança entre esses pecados no aspecto de rompimento com a moderação e temperança. Estes serão alguns aspectos analisados durante a apresentação das obras.
Palavras-chave: Alimento. Gastronomia. Arte.


Vidas Secas: o figurino em cena

Teresa MidoriTakeuchi
Doutorado em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Este pequeno recorte propõe buscar aproximações entre o texto literário e o texto visual no cinema, tendo a figura do sertanejo no sertão como trama da tessitura narrativa e visual. Este personagem sempre serviu de pano de fundo para falar de questões locais e ao mesmo tempo universais no imaginário ficcional. Tais questões fomentam a discussão estética do imaginário popular e o erudito, desde quando se podia falar de cinema brasileiro em busca de uma identidade própria. Assim, o espírito literário transposto para a linguagem do cinema será analisado na sua estrutura simbólica, de maneira a identificar elementos constitutivos da memória cultural de uma sociedade. O objetivo principal deste artigo é verificar a maneira pela qual o cineasta Nelson Pereira dos Santos recria cinematograficamente, no filme homônimo de 1963, o universo de signos verbais da obra literária de Graciliano Ramos, Vidas Secas, de 1938, em imagens. Este estudo tem o foco na caracterização do personagem literário e o fílmico por meio do figurino, por ser este promotor de uma leitura estética, histórica e sociocultural.
Palavras-chave: Vidas Secas. Intertextualidade. Narrativa Visual. Figurino no Cinema.


Imagens & histórias em arte terapia

Valéria Elisabete Rodrigues
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Este projeto visa promover experiências artísticas, reflexões e pesquisa por meio de oficinas arte terapia investigando os efeitos, desafios e descobertas da oferta de suportes artísticos às pessoas, usando como exemplo o projeto de Extensão Universitária Art Inclusiva, realizado no Instituto de Artes da UNESP- Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” na cidade de São Paulo, entre os meses de fevereiro de 2011 a dezembro de 2012, e outras experiências em arte terapia nos diferentes contextos de sua aplicabilidade com grupos e na prática clínica. Analisar e compartilhar a condução do processo artístico e terapêutico individual e grupal que tem como objetivo facilitar o desenvolvimento humano e a transformação da realidade através de experiências sensoriais e criativas.
Palavras-chave: Arte. Arte Terapia. Procedimentos Artísticos.


A Redescoberta da Arte Tumular de Alfredo Oliani nos cemitérios paulistas

Viviane Comunale
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP
Grupo de Pesquisa Barroco Memória Viva: da arte colonial à arte contemporânea – IA-UNESP/CNPq
Bolsista Capes 

RESUMO: O surgimento da arte tumular paulista em meados do século XIX promovem os surgimento das marmorarias e dos artesãos italianos que logo se especializam nesse segmento. No século seguinte com a chegada do modernismo é a vez dos escultores acadêmicos, como Victor Brecheret, Leopoldo e Silva, Nicola Rollo e Galileu Emendabili, que depois ficaram famosos por projetarem outro tipo de monumentos. Outros artistas também se dedicaram a essa forma de arte, entre eles o desconhecido Alfredo Oliani. O objetivo desta comunicação é apresentar os passos desta pesquisa que busca redescobrir a arte deste talentoso artista.
Palavras chaves: Alfredo Oliani. Arte Tumular. Escultura.


“Agrippina é Roma-Manhattan”, um ponto de partida para tratar de Hélio Oiticica

Yardena do Baixo Sheery
Mestranda em Artes Visuais, IA-UNESP

RESUMO: Este trabalho é o ponto de partida de um estudo em andamento sobre “Agrippina é Roma-Manhattan” de Hélio Oiticica, curta metragem em formato super-8 com duração de 16’27”, realizado em 1972. A obra, pouco referida tanto por aqueles que estudam Oiticica quanto pelos que estudam o cinema brasileiro alternativo/marginal nos anos 1970, é seu único filme de inclinação verdadeiramente cinematográfica e também um ponto obscuro no conjunto das obras do artista, no qual não encontra par ou variação como é comum nas outras obras. O caráter de ponto de partida do trabalho que aqui se apresenta está justamente na intersecção entre esta “inclinação” cinematográfica e o conjunto das obras de Oiticica. A ideia é retirar a obra de seu contexto cinematográfico e incluí-la no contexto das obras de Hélio, ou seja, ainda que em linguagem totalmente diversa da que encontramos em todo o restante de seu trabalho e ainda que apresentando uma série de elementos que parecem inéditos - narração, figuração, personagem -, “Agrippina é Roma-Manhattan” aqui deverá servir de ponto de partida para mostrar na obra de Hélio os momentos em que esta assume contornos narrativos, especialmente em seus apontamentos que eventualmente deixam de ser observações e assumem forma literária, com linha narrativa clara. Ou seja, guardadas as características próprias da linguagem em cada obra, a narração revela-se presente em parte considerável de sua produção e é um recurso recorrente na sistematização de seu pensamento, ou seja, não é inédita. Enfim, “Agrippina é Roma-Manhattan” serve aqui como ponto de partida para a compreensão do conjunto de obras de Hélio Oiticica. Consequente e dialeticamente, o trabalho proposto é também uma tentativa de compreensão do filme e, antes de tudo, o despe de sua linguagem e passa a entendê-lo como uma extensão das linguagens mais comuns à obra de Hélio. Estas linguagens, de outra forma, tangenciariam sua produção cinematográfica, mas, neste ponto de vista, são parte constituinte da mesma. 
Palavras-chave: Hélio Oiticica. Cinema Marginal. Newyorkaises.

 Música


Alguns apontamentos sobre o ensino de música de concerto em projetos sociais

Camila Carrascoza Bomfim
Doutoranda em Música,IA-UNESP

RESUMO: Projetos sociais e música de concerto fazem parte da estrutura da cidade de São Paulo, e tem como princípio o aprendizado musical como instrumento gerador de transformações sociais. Muitos se valem da música de concerto como veículo deste aprendizado, através de orquestras e bandas jovens, entre outros. Ao se pensar não em cultura, mas em diversas culturas, produzidas por grupos distintos, pode-se observar que manifestações culturais típicas de determinados grupos são fruto não só da cultura de massa, mas também do que é escolhido e reconhecido por essas pessoas como manifestação cultural; este reconhecimento está vinculado a vários fatores, como tradição familiar, local, cultural, entre outras. Assim, a cultura dita erudita – na qual se insere a música de concerto – na maioria das vezes está vinculada as classes sociais mais ricas, não fazendo parte do cotidiano das classes populares. Remetendo ao conceito de capital cultural de Pierre Bourdieu, a aprendizagem musical que vincula a música de concerto à “boa música” pode cristalizar diferenças entre as camadas sociais, em processos que dificilmente serão revertidos. Cabe ponderar que a música de concerto faz parte da sociedade contemporânea, pertence e pode ser apropriada por qualquer camada social. Porém as diversas manifestações artísticas são experiências vivas dentro de um grupo social, se desenvolvem e se modificam junto com seus padrões estabelecidos, e não são, necessariamente, reconhecidas por comunidades que não as vivenciam. Afirmar a superioridade da música de concerto em relação à música praticada por comunidades populares pode impedir que processos dialógicos de aprendizagem sejam estabelecidos, reproduzindo as diferenças da sociedade.
Palavras-chave: Projetos Sociais. Música de Concerto. Educação Musical. 


Na Pisada de Jackson do Pandeiro – Música e Mediação Cultural

Cláudio Henrique Altieri de Campos
Doutorando em Música, IA-UNESP, Mestre em Artes/Musicologia
                                  
RESUMO: A pesquisa investiga a obra musical do intérprete e compositor Jackson do Pandeiro (1919 – 1982), enfocando o período que se estende das décadas de 1950 a 1980. Apesar de figurar com destaque no âmbito da cultura popular brasileira, Jackson e sua obra ainda não receberam um estudo sistematizado que busque esclarecer aspectos relevantes de sua concepção musical, tais como: sua interpretação vocal, marcada de forma singular pelo uso do elemento rítmico; as características melódicas que mesclam os campos modal e tonal; e, suas relações nos contextos social, histórico e cultural. Compreender estes assuntos é o objetivo deste trabalho. A hipótese que se apresenta é que a trajetória artística de Jackson configura-se como mediadora em dois sentidos: entre a cultura musical tradicional/rural e a popular/urbana; e, entre a memória da cultura popular brasileira e a obra de artistas contemporâneos, que resgatam a música de Jackson ressignificando-a como parte da Moderna Tradição Brasileira (ORTIZ). Para tanto, o trabalho se divide em três partes: 1ª) estudo com enfoque histórico e social, procurando demonstrar o processo de construção do personagem artístico “Jackson do Pandeiro” e de sua produção musical; 2ª) discussão em torno do entendimento da obra musical de Jackson como mediadora cultural, por meio do diálogo com as ideias de autores como Martín-Barbero, García Canclini, R. Williams (residual e emergente), P. Bourdieu (poder simbólico e legitimação cultural), R. Ortiz (moderna tradição brasileira) e M. Bakhtin (enunciado, gênero, estilo e dialogismo); e, 3ª) estudo do material musical, tanto em seus aspectos técnicos, tomando por referência Tiné, Rocca, Schoenberg e Cook, como da análise do caráter de mediação entre músico e ouvinte, com base nas ideias de Bakhtin e A. Seeger.
Palavras-chave:Jackson do Pandeiro.Música e Mediação Cultural. Coco e MPB.


Análise de Cactus: peça do compositor Eduardo Guimarães Álvares sobre poema de Alícia Duarte Penna

Diogo Lefèvre
Doutorando em Música, IA-UNESP
Bolsista CAPES

RESUMO: Esta comunicação aborda a peça Cactus, segundo movimento de Pétala Petulância (1991/1992), obra de Eduardo Guimarães Álvares para voz e conjunto de câmara composta a partir de poemas de Alícia Duarte Penna. Aqui se discute como se deve analisar tal composição musical, levando-se em conta que ela toma como ponto de partida um texto poético. A partir das reflexões e opiniões de Motte (1968), Picchi (2010), Cone (1989), Stein; Spillman (1996), conclui-se que, se de um lado um exame específico do texto literário é importante para que se possa perceber como o compositor fez a leitura e interpretação do poema em música, de outro lado um escrutínio dos aspectos intrinsicamente musicais se faz igualmente necessário, pois a análise da obra demonstra que o compositor também deu grande atenção a tais aspectos em sua criação.
O exame da peça de Eduardo Guimarães Álvares, quando confrontado com a análise de elementos do texto poético a partir de conceitos de Stein; Spillman (1996) (“progressão poética”), Cândido (2006) (“linguagem figurada”) e Goldstein (2001) (“nível lexical”), revela como o compositor interpretou e recriou musicalmente o poema de Alícia Duarte Penna, com a realização de analogias entre texto e música. Ao mesmo tempo, a abordagem da obra sob o ponto de vista da elaboração motívica, tendo como referência Schoenberg (1993), e o escrutínio da organização das alturas (elementos intrinsicamente musicais), realizado a partir da Teoria dos Conjuntos de Allen Forte tal como conceituada por João Pedro de Oliveira (2007), demonstram que o compositor teve também preocupação em estruturar e unificar sua obra do ponto de vista da linguagem musical autônoma. Assim, a análise da peça a partir da Teoria dos Conjuntos mostra a existência de um Conjunto-Classe que é parte constitutiva de vários elementos melódicos e harmônicos da obra e portanto serve como fator de unidade musical.
Palavras-chave: Análise Musical. Relação Texto-Música. Eduardo Guimarães Álvares.


Adam Smith e Charles Avison: Teoria das paixões e a expressão musical

Fabricia Piva
Doutoranda em Música,IA-UNESP

RESUMO: O objetivo deste trabalho é discutir teorias estéticas – britânicas – que desvelam ideias empiristas opostas aos postulados racionalistas das artes e da música no século XVIII. Os séculos XVII e XVIII foram marcados por intensas mudanças econômicas, políticas e atividades intelectuais, com ênfase na racionalidade que influenciaram diferentes pensadores e teóricos da música. A sociedade e a cultura se modificaram, surgem diferentes discursos principalmente filosóficos na área da Estética, e a música se prolifera com as salas de concertos, museus públicos e galerias, e neste ambiente aristocrático e tradicionalista nas primeiras décadas do século XVIII a música levantou questionamentos generalizados de desconfiança, principalmente a música instrumental que adquire espaço e autonomia, onde predominava a música vocal, regida pela arte retórica desde os tempos da cultura grega. A Arte imitativa, de Adam Smith (1723-1790), questio
na a falta de sentido da música instrumental, presumia-se que a falta da palavra, a arte musical representava afetos e paixões e a atenção não era para técnica musical, mas sim para os efeitos emocionais sobre o público, onde uma obra representa afetos sublimes, ideia que persistiu nos discursos filosóficos no iluminismo britânico. A música é uma arte imitativa que expressa paixões: teóricos como Avison (1670-1742) e Hutcheson (1694-1746) discutiram a relação entre música e expressão, para eles, a música é uma expressão sentimental e subjetiva, ou seja, a retratação dos sentimentos e paixões. Porém, Adam Smith, foi contra a ideia da imitação da natureza. A imitação em música é questionada, com ascensão da música instrumental. No iluminismo Britânico, o pensamento empirista, enfraqueceu a imitação em detrimento da expressão; o prazer, os efeitos e a beleza da música representavam o sublime e valem por si mesmos. A inclusão da música como uma forma de arte ou de representação imitativa da natureza, levantou diferentes questionamentos pelos pensadores do século XVII e XVIII a música torna–se mais expressiva e representa as paixões. Para Adam Smith, o poder da música de expressar emoções: é a liberdade de representar a música, em comparação com as outras artes, onde a imitação pode ser sugestiva, e tem a capacidade de criar impressões e sentimentos, traça correspondências entre música e expressão, e os sentimentos tem sua origem em nossas percepções e são recebidos pelos sentidos; ou seja, os efeitos da música são essenciais, e não apresentação mimética.
Palavras-chave: Imitação. Música. Expressão.Inglaterra. Século XVIII.

  
Recepção e Tradição no pós-guerra

João Gabriel Rizek
Mestrando, IA-UNESP

RESUMO: Dentro do âmbito da estética musical, as pesquisas relativas à recepção das obras vêm ganhando cada vez mais espaço no panorama mundial. O acento neste tipo de estudo recai sobre as questões da resposta, da audiência e do que o musicólogo Carl Dalhaus, seguindo Walter Benjamin, chamou de “pós vida” das obras musicais. Trata-se portanto de uma investigação que busca os motivos responsáveis pela inscrição ou obliteração de uma determinada obra do repertório aceito. Este trabalho investiga, por sua vez, as razões que levaram o serialismo integral a estabelecer-se como espécie de linguagem oficial nos anos seguintes à Segunda Guerra. Inventado na década de 1920 por Arnold Schoenberg e potencializado por seu discípulo Anton Webern, o serialismo - então chamado de método dodecafônico - teve de esperar o armistício para ganhar ampla divulgação. Logo após o término da guerra, iniciou-se a reconstrução da Europa, movimento amplo, circunscrito não só às suas cidades em ruínas, mas também a todo um conjunto de atividades que outrora designou o sentido maior do que se entendia por “velho continente”. Reconstruir, nesse contexto, significava injetar vida nova na economia, na política e na cultura. É nesse contexto que o serialismo ganha nova vida.
Raros os compositores que não trabalharam com o método no pós-guerra, indicando uma tendência que extrapolou o continente europeu e os anos em questão. O painel chama ainda mais atenção se não perdermos de vista o fato de que a concorrência de linguagens naqueles anos era expressiva. Nas palavras do musicólogo Reginald Smith Brindle: “Se a música tivesse que começar de novo em qualquer momento prévio da história da música, dificilmente existiriam tantas alternativas, ou tantos fatores irreconciliáveis e contrastantes quanto no final dos anos 1940”. Para buscar as razões que levaram os compositores a enveredar por esta alternativa, dentre tantas outras, seguimos os passos do então jovem compositor e maestro Pierre Boulez. Sua influência nos fornece um ponto de vista privilegiado para nossa investigação. Logo cedo fez-se arauto do movimento, chamando para si a responsabilidade de estabelecer os critérios de sobrevivência de seus pares e antepassados. Para tanto, Boulez tentou criar uma novo cânone. Figurariam nele seus pares mais austeros e aqueles compositores cuja linhagem a ele estava diretamente ligada. Esta operação, nada arbitrária, tinha como objetivo legitimar sua prática e expandir sua área de atuação. Seguir estes debates à procura das razões que ajudaram a legitimar o serialismo é um dos métodos deste trabalho, para que assim possamos entender melhor como nossas tradições se formam e como se dá sua recepção.
Palavras-chave: Tradição. Música Clássica. Pós-Guerra.



Preparação para a performance musical: estresse e ansiedade entre músicos cameristas

Leonardo Casarin Kaminski
Doutorando em Música, IA-UNESP

Profª Drª Sonia Ray, PPG IA-UNESP e PPG EMAC-UFG

RESUMO: A presente comunicação apresenta uma pesquisa em andamento, sendo desenvolvida no curso de Doutorado em Música do Instituto de Artes da UNESP. O projeto desenvolvido aborda questões diretamente relacionadas com a preparação psicológica do músico para atuação em público com músicos cameristas. Considera-se que, o resultado de uma atuação no palco está atribuído às competências durante a fase de preparação da performance pelo intérprete e somadas com as interferências presentes no momento da apresentação, assim como a manutenção psicológica durante estas etapas, como controle dos níveis de ansiedade e estresse. O objetivo principal é conhecer as estratégias dos músicos cameristas para estes controles psicológicos, gerando subsídios para embasar a premissa de que existem níveis de ansiedades e estresse favoráveis a uma performance musical satisfatória. A pesquisa de campo está sendo realizada, contando com dados coletados pelo Inventário para Músicos Intérpretes de Dianna Kenny (K-MPAI) e o Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp (ISSL) publicados respectivamente em 2004 e 1996. As etapas para a realização da presente pesquisa será dividida em: pesquisa bibliográfica; discussão de dados apresentados pela revisão de literatura; pesquisa de campo; organização e cruzamento de dados; discussão de dados coletados na pesquisa de campo; apresentação de resultados. Em uma pesquisa preliminar realizada pelos autores do presente projeto, chegou-se à conclusão que a preparação para o enfrentamento do estresse e ansiedade é pouco abordada, formalmente, dentro da academia de música. Mesmo assim, os fatores psicológicos tem frequentemente afetado o desempenho entre os instrumentistas e cantores, independentemente do nível de instrução.
Palavras-chave: Preparação para a Performance Musical. Psicologia da Performance. Ansiedade e Estresse nos Músicos.


A Escrita para percussão dos compositores do Grupo Música Nova

Ricardo de Alcântara Stuani
Mestrando, IA-UNESP

RESUMO: Esta comunicação pretende apresentar a pesquisa “A Escrita para percussão dos compositores do Grupo Música Nova”. Procuramos neste trabalho investigar a notação musical dos compositores do Grupo Música Nova, tendo como referência a escrita para percussão. O Manifesto Música Nova foi um documento redigido no Brasil em 1963 pelo compositor e arranjador Rogério Duprat (1932-2006) e assinado por Gilberto Mendes, Willy Corrêa de Oliveira, Damiano Cozzella, Julio Medaglia, Régis Duprat, Sandino Hohagen e Alexandre Pascoal. Inspirado pelos poetas concretos paulistas e pelos eventos da vanguarda musical européia, este manifesto propunha uma renovação da linguagem musical através de princípios de experimentação, incorporando elementos das linguagens poéticas, teatrais, visuais e “utilizando novos grafismos, abolindo a notação musical tradicional” (MENDES, 2007). O foco central da pesquisa será a obra para percussão dos compositores Gilberto Mendes, Rogério Duprat e Willy Corrêa de Oliveira.
Palavras-chave: Notação Musical. Percussão. Vanguardas. Grupo Música Nova.



Mersenne e Descartes nas teorias musicais francesas do século XVII

Rodrigo Lopes
Mestrando, PPG – Música, IA-UNESP

RESUMO: O período que compreende o século XVII e a primeira metade do século XVIII francês é marcado por um traço comum que corresponde não somente a ideias artísticas ou técnicas; a questão social e sua mentalidade, as ideias correntes, encaram a música como parte integrante de um todo social e cultural, fazendo-a não gozar de uma independência dentro desses domínios. A música era também integrada a um mundo cósmico e universal como um todo, subjugada ao absolutismo monárquico, além de estar a serviço de Deus. Servir ao monarca era servir ao ápice da hierarquia social. Esse período é caracterizado como o da representação das paixões, a música a serviço da palavra e da compreensão do texto literário. Essa representação segue uma teoria das paixões, encontrada em sua origem na concepção platônica da alma e do mundo; a maioria dos teóricos do século XVII acreditava que as proporções que equilibram as diversas partes de nossa alma são semelhantes às proporções que fundamentam o sistema musical. Assim, procura-se nesse trabalho observar questões de retórica das paixões e especulação numérica, pela análise de aspectos do pensamento de Mersenne que, tributário do platonismo e de Zarlino, possui em seus escritos analogias com a ordem universal, e outras analogias místicas e religiosas para validar suas ideias musicais, como, por exemplo, a adoção de harmonia entre consonâncias, como descrito na Harmonie Universelle, e aspectos do pensamento de Descartes que, em sua nova concepção de ciência, e diferente dos outros, encara a música como algo por si mesma, demonstrado em seu Compendium Musicae, que além de uma rede de analogias e símbolos de acordo com as propriedades do som, avalia a recepção e a percepção do ouvinte quanto aos fenômenos sonoros. Pretende-se observar como o racionalismo cartesiano suplantou os outros pensamentos e de que maneira ele se estabeleceu e se fortificou como marco na estética musical.
Palavras-chave: Números. Música Francesa. Século XVII.

  

O imaginário de professores de música de Barueri, SP: Trajetória metodológica de pesquisa em andamento

Samuel Cintra Santos
Mestrando, IA-UNESP

RESUMO: Este texto, que aborda parte da pesquisa de mestrado em andamento que realizo desde 2011, tem por objetivo descrever o percurso metodológico trilhado na coleta de dados e inserção no campo empírico, contexto no qual o trabalho se desenvolveu. Também será abordada a importância da permanente reflexão, por parte do pesquisador, sobre todo processo no decorrer do seu trabalho durante a pesquisa. Trata-se de um estudo qualitativo com sete professores de música, da rede municipal de ensino em Barueri – SP, que atuam em quatro escolas de período integral do ensino fundamental II. A pesquisa busca desvelar o imaginário desses professores sobre o cotidiano musical dos jovens e as implicações desse imaginário nas suas práticas pedagógico-musicais. O estudo se assenta em uma abordagem sociocultural da Educação Musical e desenvolve-se sob a perspectiva do paradigma da complexidade segundo Edgar Morin. Como técnicas de coleta de dados foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas, observações e análise de documentos.
Palavras-chave: Imaginário. Professores de Música. Complexidade. Educação Básica.



Jovens estudantes de música na cibercultura musical: Facebooke Educação Musical 2.0

Silvia Regina de Camera Corrêa Bechara
Mestranda, IA-UNESP

RESUMO: Esta comunicação trata-se de um projeto de pesquisa de Mestrado, que propõe a realização de um estudo sobre as interações entre jovens estudantes de música e a cibercultura musical na mídia social Facebook, e suas implicações para a área de educação musical. Pretende-se desvelar se o compartilhamento de material relacionado à música nas mídias sociais contribui para as experiências e práticas musicais desses jovens. Segundo Salavuo (2005), o rápido crescimento das mídias sociais, especialmente das comunidades online sobre música nos últimos anos, deixou o campo da educação musical “desavisado” sobre as mudanças nas práticas musicais cotidianas decorrentes desta transformação. Conforme mostram estudos como os de Salavuo (2005), Waldron (2011) e Reguillo (2012), há uma gama de experiências musicais acontecendo no ciberespaço. Os internautas compartilham diversos tipos de material relacionado à música (áudios, vídeos, imagens) através dessas mídias, que, por sua vez, possuem uma estrutura que disponibiliza um espaço de discussão a respeito daquilo que é compartilhado, gerando a interação entre os usuários, propiciando um universo de aprendizagem e ampliação de conhecimentos musicais. É esse ambiente que define o que nesta proposta é denominado “cibercultura musical”. Baseada em recursos etnográficos virtuais (HINE, 2004), a pesquisa será realizada com estudantes de música, jovens entre 18 e 29 anos. A interpretação dos dados será fundamentada nos campos da ciberantropologia e da perspectiva sociocultural da educação musical (JORGENSEN, 2011). Por fim, será proposta uma discussão sobre aquelas interações e a formação musical desses estudantes inseridos nesta cibercultura.
Palavras-chave: Juventude. Mídias Sociais. Educação Musical.






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